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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Vinhos do semiárido: novidades que fazem bem à saúde

Vinhos elaborados no submédio do Vale do São Francisco com as variedades Syrah, Tempranillo e Petit Verdot possuem, respectivamente, quantidades de trans-reverastrol 6, 3 e 2 vezes mais que o mesmo produto de origem francesa, espanhola ou argentina. Pesquisas na área de medicina revelam que essa substância tem ação anticancerígena e preventiva de doenças cardiocirculatórias. 

Estes foram parte dos resultados obtidos pela então estudante de doutorado e professora da UFRPE, Luciana Lima. A tese foi concluída em fevereiro de 2010, no Departamento de Nutrição da UFPE, sob a orientação da professora Nonete Guerra e co-orientação do pesquisador da Embrapa Giuliano Elias Pereira.

Nas parreiras, o trans-reverastrol tem a função de proteger as plantas de determinados tipos de estresses físico e ambiental. Nas áreas de cultivo do semiárido brasileiro, a prática de interromper a irrigação em um ambiente de alta temperatura, quando os frutos estão próximos ao ponto de colheita, faz com que as plantas acelerem seus mecanismos de defesa e produzam mais compostos de interesse biológico como trans-resveratrol, quercetina e rutina.

Tipicidade - De acordo com o enólogo da Embrapa, Giuliano Elias Pereira, o clima quente e seco da região pode explicar a diferença na concentração desses elementos químicos entre os vinhos do semiárido e aqueles processados nas zonas de temperatura mais amena da Europa, dos Estados Unidos, Argentina e mesmo do Rio Grande do Sul.

Para ele, nos percentuais em que são encontrados leva-se a crer que o consumo de vinhos tropicais do Brasil poderá ser mais benéfico à saúde do que outros tipos de vinhos elaborados nas zonas tradicionais de produção, de clima temperado. “Um produto com potente ação antioxidante, capaz de transformar o mal (LDL) no bom (HDL) colesterol, tem um apelo comercial capaz de dar grande evidência aos vinhos do vale do São Francisco”.

Esta é mais uma vantagem da vitivinicultura tropical. A região já é marcada por uma situação que é única dentre todas as áreas vinícolas ao redor do planeta: é a única onde a combinação de ambiente e desenvolvimento tecnológico tornou possível a produção de uvas e a elaboração de vinhos em qualquer época do ano, com características distintas de qualidade e tipicidade.  

Geográfica – Esta possibilidade cria uma situação também muito distinta da europeia e das zonas vinícolas das Américas do Norte e do Sul. Em países como a França e a Argentina, por exemplo, os enólogos em 30 anos de vida profissional chegam a elaborar 30 vinhos. No submédio do vale do São Francisco, um mesmo profissional pode elaborar esta mesma quantidade em apenas um ano, por ser possível escalonar a produção, entre os meses de maio e dezembro, e realizar colheitas uvas e vinificar todas as semanas e todas as quinzenas.

Fonte: EMBRAPA